segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Cidades Inovadoras - Curitiba


Em Curitiba, representantes de diversos países apresentaram saídas para problemas de grandes centros urbanos, na Conferência Internacional das Cidades Inovadoras.

Fonte: globo.com (31.03.2010)

VLT Brasil e França

No Ceará, o primeiro VLT do Brasil liga duas cidades do Ceará, no sertão do Cariri. Na França, o VLT tem 44 metros e capacidade para mais de 300 pessoas, três vezes mais do que comporta um ônibus. Fonte: Globo.com


Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)

É um pequeno trem urbano, geralmente movido a eletricidade. Seu tamanho permite que sua estrutura de trilhos se encaixe no meio urbano existente. O VLT é uma espécie de "bonde" moderno tornando-se alternativa de transportes em cidades como Campinas, Maceió e Recife ou entre cidades de médio porte como o Trem do Cariri entre Crato e Juazeiro do Norte, e Arapiraca. Natal possui um projeto de VLT para a Copa do Mundo de 2014, já que a cidade foi uma das candidatas a sub-sede do evento. Salvador também possui um projeto de VLT, no qual o atual sistema de trens suburbanos seria adaptado e convertido num sistema de VLT, para futuramente se integrar com o sistema de metrô da cidade, Também João Pessoa possui um projeto para implantar um VLT. Todavia, a única cidade com projeto em fase execução até agora é Brasília.

Fonte: Wikipédia. 


sábado, 25 de dezembro de 2010

BIG - Bjarke Ingels Group , 8 House, Copenhague - Dinamarca [København - Danmark]

Edifício multiuso na Dinamarca tem cobertura verde em aclive, que permite aos usuários pedalarem do térreo até o 11° pavimento




Texto de Fabio de Paula
Fotografias: Revista Projeto
Publicada originalmente no ARCOWEB
Dezembro de 2010


Construído à beira do canal de Copenhague, na Dinamarca, o 8 House é um condomínio multiuso projetado pelo celebrado escritório de arquitetura dinamarquês BIG. Sua volumetria em aclive permite que moradores e transeuntes circulem desde o nível térreo até a cobertura, de bicicleta ou a pé, por imensas rampas ajardinadas e ruas internas que acompanham os terraços dos apartamentos.



O subúrbio de Ørestad, no extremo sul de de Copenhague, é a principal vitrine dos projetos residenciais do estúdio BIG. É naquela região plana, delineada por vegetação rasteira e canais navegáveis, que foram construídos os principais edifícios projetados pelo escritório liderado por Bjarke Ingels, arquiteto de 38 anos que recebeu o European Prize for Architecture em 2010, e é considerado um dos principais representantes da nova geração de arquitetos europeus.

Entre estas construções está o 8 House, maior empreendimento imobiliário da história da Dinamarca, cuja construção iniciada em 2006, foi concluída em setembro de 2010. O edifício caracteriza-se por uma sobreposição de usos e tipologias que estimula o convívio e não segue o padrão arquitetônico de um típico condomínio vertical.





"Em vez de um objeto arquitetônico comum, o 8 House é um bairro tridimensional, uma comunidade de casas geminadas que se estende ao longo de um imenso bloco retorcido, desde o nível da rua até o topo", explica Ingels.

Visto do topo, o edifício tem o formato de um oito - daí o nome do projeto. Graças a este desenho, que também se assemelha ao de uma gravata borboleta, criam-se dois pátios internos distintos: um deles, voltado a oeste, com caráter privativo, e outro voltado ao leste, conectado ao canal. No centro do perímetro estão as áreas de uso comum como a portaria e a lavanderia, e, no nível térreo, um corredor de nove metros de comprimento que interliga os dois jardins.

Ao redor dos pátios, distribuem-se os 61 mil metros quadrados de área construída do complexo. Para otimizar a circulação dentro desse bloco, os arquitetos separaram os usos horizontalmente, de modo que os escritórios ocupam a torre norte e as lojas distribuem-se pelo nível térreo, tanto para as calçadas externas quanto para o pátio oeste.

Os andares superiores são exclusivamente residenciais, com unidades habitacionais que variam de 65 a 144 metros quadrados e contam com layouts planejados para três diferentes fases da vida: jovens solteiros, casais com filhos ou idosos.

"A combinação de usos permite que atividades individuais aconteçam nos locais mais adequados para cada uma delas - o comércio voltado para a rua, os escritórios voltados para a suave luz do norte, e os apartamentos banhados pelo sol abundante das demais fachadas, de onde descortinam-se vistas espetaculares para o entorno", explica Ingels.

Mas o que melhor distingue o 8 House de outros condomínios multiuso são seus dois telhados verdes e inclinados com área total de 1,7 mil metros quadrados. Estrategicamente posicionados para reduzir o efeito de ilha de calor e definir a identidade visual do projeto, eles tem inclinação suficiente para que os moradores possam caminhar sobre eles.

Dessa forma, os arquitetos projetaram ao lado de toda sua extensão um caminho público que se conecta aos corredores que acompanham os terraços dos apartamentos. A solução oferece a possibilidade de andar de bicicleta ou a pé por todo o perímetro do condomínio, desde o nível da rua até o 11° e último andar, criando em cada andar um ambiente próprio de vizinhança, com calçadas, jardins e portões.

"Apostamos em uma arquitetura criativa e experimental, que procura surpreender e convidar os usuários para um estilo de vida baseado em um senso de comunidade. Instalamos os espaços de convívio no topo do edifício de modo que os jardins, as árvores e a circulação induzem os usuários a seguir até o telhado verde. No último pavimento, onze andares acima, esses espaços compartilhados culminam em um terraço ajardinado de onde se pode apreciar a vista da incrível natureza que caracteriza o entorno", conclui o arquiteto.
Fotos e Texto: REVISTA PROJETO.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Cidade Suspensa de Christian de Portzamparc

Fonte: Revista AU
por Cleide Floresta
 Fotos Nelson Kon

Construída a dez metros do chão e em uma maratona que enfrenta tempos de prazo apertado e tempos de paralisação, a Cidade da Música chega ao estágio final, ao que tudo indica - agora, sem a participação do escritório de Christian de Portzamparc.

   
   

Monumental e polêmica. Essas duas palavras traduzem bem o que representa a construção da Cidade da Música para o Rio de Janeiro. Um projeto que começou a ser desenhado em 2002 e que só deve ser entregue em julho de 2011, depois de muita confusão e uma CPI.

A obra de Christian de Portzamparc, um dos principais arquitetos em atividade na França e vencedor do Prêmio Pritzker de 1994, não deixa dúvida de sua grandiosidade. Os quase 90 mil m2 de área construída se distribuem em duas lajes - duas linhas retas - que marcam a paisagem da Barra da Tijuca. E a história da arquitetura e da política no Rio de Janeiro.
 



Acessada por três rampas, a primeira laje foi erguida a dez metros do solo para que os visitantes pudessem admirar a paisagem. Portzamparc se convenceu de que a Cidade da Música deveria ficar acima do nível da rua quando, em visita ao local em 2002, observou as montanhas, as lagunas e a amplidão da Barra em uma arquibancada que existia no terreno. E assim o arquiteto escreveu seu poema de concreto a dez metros de altura, com uma grande varanda, como ele batizou o pátio que se forma no meio da construção.

Nessa esplanada, espaços vazios se misturam aos quatro volumes livres que definem a Cidade da Música. Uma das marcas do trabalho de Portzamparc é justamente ter uma visão do todo a partir de várias partes. Entre as duas lajes, que distam 20 metros uma da outra, paredes de sustentação curvas dão movimento ao edifício, quase que uma reprodução das montanhas que se vê atrás da construção.

"As paredes de concreto tocam o solo de maneira sempre oblíqua, levando a gente num sentido de velocidade, de deslocamento. Mas as duas lajes marcam ali uma intenção construtiva, marcam a paisagem de uma ação humana, de uma ação intelectual em relação às montanhas", afirma Clovis Cunha, chefe de projeto do ACDP (Atelier Christian de Portzamparc).

A Cidade da Música tem um significado especial para Portzamparc. Casado com a designer brasileira Elisabeth de Portzamparc, o arquiteto é também um grande fã da arquitetura brasileira dos anos 1950, com destaque para nomes como Oscar Niemeyer e Affonso Eduardo Reidy. Ao optar por uma construção totalmente de concreto - único projeto seu com essa característica -, deixa clara sua influência e recupera ainda a tradição do Brasil no uso dessa tecnologia.

Mas, apesar da experiência do País em transformar as curvas de Niemeyer em realidade, todos os envolvidos na construção dizem que a transposição das linhas de Portzamparc foi o grande desafio da Cidade da Música.

Na técnica construtiva chegou-se a erguer a segunda laje antes de dar forma aos volumes internos, que se distinguem por suas diferentes necessidades. "Do ponto de vista estrutural, é uma maravilha. Há muita tecnologia em concreto protendido. E essa tecnologia nem sempre está em função de uma lógica estrutural da qual a gente está acostumado no Brasil, que é uma lógica bem racionalista. O Christian tem liberdade para sair dessa lógica. Como, por exemplo, fazer um pilar chegar não ao chão, mas a uma viga de transição livre", diz Clovis.

De acordo com o presidente da RioUrbe, a construção das paredes principais com curvaturas convergentes exigiu um estudo aproximado de seis meses. "Você tem balanços e vãos que são realmente lógicos do ponto de vista do cálculo estrutural, mas que não têm uma lógica racionalista por trás. E permite fazer uma modelagem do espaço, que é uma forma de fazer arquitetura, um pouco dos franceses. Eles prezam muito o resultado plástico", completa Clovis.

Dos quatro volumes, o principal é a Grande Sala. Com uma área de 2.738 m2, é rodeada por torres de camarote que permitem que o espaço tenha duplo uso: como filarmônica tem capacidade para receber 1.800 pessoas, como sala de ópera, 1.300. Nessa transição, quatro torres do fundo são móveis e saem do espaço para dar lugar a um palco italiano. Essa sala já havia sido testada na pseudoinauguração de 2008 e, segundo Portzamparc, foi aprovada por seu técnico de acústica.

A dúvida agora fica por conta do segundo volume, que abriga uma sala de câmera para 500 pessoas, que também poderá receber shows de jazz e MPB, entre outros. E as salas do terceiro bloco, que serão destinadas a ensaios, ao centro de estudo e à sede da orquestra. O quarto volume abrigará cinemas, restaurantes, lojas e uma sala de música eletroacústica -única no País destinada à produção e apresentação de música experimental eletrônica e acústica. Todos esses serão terminados sem o acompanhamento do escritório de Portzamparc.

O projeto também deu ao arquiteto francês a chance de criar um espaço aberto, uma vez que o inverno rigoroso do hemisfério Norte impõe algumas limitações. "São vários edifícios em uma cidadela, com espaços livres que os unem e os transformam em um passeio público", diz Clovis.

Sob a edificação fica o jardim projetado por Fernando Chacel, com lagos e áreas pavimentadas desenhadas em mosaicos portugueses, uma homenagem ao paisagista Burle Marx, de quem foi estagiário no início dos anos 1950.



Entre retomadas e paralisações

Christian de Portzamparc fala sobre o passado e o futuro da Cidade da Música

Como foi a retomada das obras na Cidade da Música no fim do ano passado e de que forma todas as polêmicas e interrupções afetaram o projeto? Houve uma correria em 2008, agora falam em outra....

A interrupção do projeto não trouxe consequências graves sobre o que já foi construído, mas deixou estragos de umidade em lugares como a Grande Sala e seu foyer, que foram mal-executados, em parte por causa da correria do fim de 2008 (os acabamentos de madeira, a instalação das poltronas, os guarda-corpos deveriam ser revistos, por exemplo). Há também impermeabilizações não finalizadas que causaram danos sobre algumas fachadas. Falta terminar a limpeza e a recuperação de fachadas em determinados lugares, como a caixa de cena e o fundo da grande laje superior. Falta ainda terminar os brises leste e oeste, rever detalhes, rever determinados equipamentos e em seguida realizar o interior das salas, a iluminação, o ar condicionado, a acústica.

Já a interrupção dos pagamentos municipais durante a obra foi desastrosa. Foi como deixar um barco sem combustível no meio da travessia. Imagino que tenha sido uma catástrofe para o custo final da obra, apesar de eu não conhecer esses valores, pois nosso contrato trata apenas da concepção e controle técnico da realização. As concorrências públicas não nos diziam respeito, após nossos engenheiros e escritórios técnicos apresentarem os desenhos e documentações de projeto.

Apesar disso, tal interrupção trouxe lucro: aproveitamos para fazer inumeráveis testes e trabalhos preparatórios com o Consórcio para as fôrmas de concreto, detalhamos mais nosso projeto executivo e compatibilizações. O prazo inicial teria sido curto demais para fazer tudo isso bem. O Consórcio propôs uma tecnologia de fôrmas de alto desempenho deslizante trepante, técnica que a priori inquietava Bertrand Beau, Clovis Cunha e a mim, pois permitia avançar rapidamente, mas com uma qualidade de acabamento não destinada ao concreto aparente. No entanto, com todos os testes, tipos de escoramentos, de fôrmas, após ter visto um colapso dramático com os ventos fortes, chegamos a resultados corretos. É por isso que em 2008 foi possível terminar a estrutura corretamente.


Existe alguém da sua equipe acompanhando a finalização da obra? Se não, de que forma isso pode comprometer o projeto?

Até o momento ainda não fomos chamados. Estamos inquietos com isso, mas o prefeito Eduardo Paes está consciente e preocupado. Ele me disse que quer que nós possamos acompanhar e controlar a obra. O Consórcio me disse a mesma coisa. Eles afirmam que precisam de nós para evitar erros comuns em uma obra assim, notadamente nos itens acústicos. Por mais que a capacidade da construtora seja excelente em obras civis, um edifício de arquitetura como este requer outros conhecimentos.Francamente, penso que se nós não formos chamados a retomar nosso papel na obra, será um desperdício de dinheiro e uma perda de qualidade. Seria outra catástrofe como foi a interrupção dos pagamentos entre 2005 e 2007.


Como viu todas as complicações envolvendo o governo em cima de uma obra que demorou tanto para ser construída? Até uma CPI foi feita para investigar a obra. Isso o afetou de alguma forma?

Sim, a CPI me afetou, mesmo que eu compreenda sua necessidade. Nós seguimos o que o cliente quis e organizou nos contratos, mas fui interrogado como se fosse o responsável de irregularidades do direito brasileiro. Várias questões não foram difíceis, mas anormais, como de querer saber o porquê era preciso um profissional de acústica, um especialista em programas de salas de concerto, um cenógrafo, uma maquete acústica e outras questões.

O fato de ser interrogado para saber se houve ou não evasão fiscal é normal, mas, visto que o nível dos honorários em 2003 era três vezes menor no Brasil do que na França, não sobrou muito para pagar os estudos consideráveis que fizemos com nossos colaboradores e subcontratados (mais de 20 arquitetos, dezenas de engenheiros, milhares de horas). E como o trabalho da equipe na obra foi prolongado por seis anos em vez de três, meu ateliê perdeu um dinheiro considerável nessa obra, apesar do aditivo que não pôde cobrir tudo. Eu respondi da melhor maneira possível todos esses interrogatórios, pessoalmente ou por escrito.
A Cidade da Música que está em fase de finalização é a Cidade da Música que o senhor queria construir?

As três primeiras paredes de concreto chegaram a dez metros somente em julho de 2007. Quando a prefeitura recomeçou a obra não imaginávamos o desafio que representava terminar toda essa estrutura. O Consórcio passou de 300 operários a 2.500 ou mais, sem acidentes e poucos erros. Vejam as arestas dessas paredes que sobem oblíquas no céu, desenvolvendo 120 metros de percurso, segundo a geometria absolutamente perfeita em hélice alongada.

O trabalho feito entre julho de 2007 e agosto de 2008 é impressionante, não notamos que era a maior obra de arquitetura do mundo, junto com o estádio dos jogos olímpicos chineses. Eu falo de obras de arquitetura, não de obras de engenharia ou de hangares logísticos.

Estou feliz, apesar das dificuldades incríveis que encontramos ano após ano, porque temos o projeto de concreto tal qual foi desenhado. Sentimos o poder físico no corpo e no espírito. Um desejo infantil de subir no terraço, descobrir a beleza da Barra lá do alto.

Eu sou movido pela relação dessas superfícies curvas de concreto com a dança imponente e sincopada das montanhas da Gávea ao longe. E digo que o espírito do Rio, que eu sempre venerei, me sorriu aqui. A princípio me fascinou completamente por fotos, adolescente ainda, antes de descobri-lo mais tarde, com Elizabeth, esse espírito das montanhas cariocas. Não sou um tipo complacente, eu falo com reconhecimento: Elizabeth me fez descobrir a grandeza da arquitetura brasileira dos anos de 1940 e 1950, no início dos anos de 1980. Ela me levou pela baixada, pelas lagunas, a vegetação, era o outro lado da cidade e, ao passar dos anos, vimos a Barra crescer rápido. Quando vi o cebolão de helicóptero em setembro de 2002, no início do projeto, achei o terreno impossível para construir a Cidade (intimidador, simétrico, central, acadêmico, costumávamos dizer nas Belas Artes).

Levei quatro meses para poder ver a ideia inteiramente, é muito tempo, eu estava muito atrasado. Tem projetos que chegam rápido, quase de uma vez só, outros que fazem você esperar, outros ainda que desenvolvem rápido, mas não funcionam tão bem quanto se esperava.

No entanto, hoje eu creio que o projeto funciona nesse lugar melhor do que eu imaginava. Redescobrimos a cidade a partir do terraço, e espero que ele vá viver, tanto para a cultura com todas suas salas de primeira classe, quanto para simplesmente as pessoas se encontrarem para uma cerveja à noite.

Espero que os cariocas e os habitantes da Barra desfrutem desse refúgio no meio dos supershoppings, desse monumento que não é apenas um, que é um passeio, que é a continuação de um novo jardim público onde Fernando Chacel respondeu ao lugar e ao projeto com linhas que parecem hoje tão corretas (lamento muito não poder percorrer esses espaços com ele, eu vejo que essas linhas, as minhas paredes curvas e seus espelhos d'água, tudo está ligado - e nós nos falamos no início apenas em volta de uma pequena maquete e de alguns desenhos).

Então, mesmo não estando concluída a Grande Sala, ouvimos que o som é muito bom. Xu Ya Yin, nosso acústico, ficou encantado com os testes acústicos e isso é crucial, pois antes do fim nunca temos certeza disso, apesar dos cálculos.


Quais foram os principais desafios construtivos desse projeto e como o senhor resolveu as questões?

O desafio foi estrutural e sem a informática não poderíamos ter calculado essa grande obra dissimétrica e escultural, dentro de um prazo razoável.


O senhor tem novos projetos no Brasil?

Não. Eu gostaria, no entanto, de poder viver mais no Brasil, com Elizabeth, e que nós conseguíssemos construir a casa que ela desenhou. Meu filho, nesse momento, trabalha em São Paulo, ele é cidadão brasileiro com orgulho, não esquecendo que é francês ao mesmo tempo. É uma riqueza.


Como o senhor vê a arquitetura do Brasil hoje e como o Brasil está sendo visto pelos arquitetos estrangeiros? A Cidade da Música começou em uma época em que poucos estrangeiros procuravam o Brasil - e o que estamos vendo hoje é uma enxurrada de arquitetos estrangeiros atrás de projetos por aqui - isso é um efeito da crise na Europa/Estados Unidos ou das Olimpíadas e da Copa?

A arquitetura brasileira é potencialmente muito rica. Ela deveria reencontrar o nível dos anos de 1950, quando era a mais importante e a mais bela do mundo, presente ainda na nossa época atual. Digo isso também porque a ideia da modernidade, e também da democracia e da ecologia, são vivas e o país está em forte desenvolvimento.

Existe um potencial nas escolas, uma cultura. Infelizmente a sociedade civil não respeita os níveis de honorários do IAB e esse desprezo tem uma consequência dramática. Os arquitetos não podem fazer os estudos necessários de seus projetos, são obrigados a economizar seu tempo de projeto.

Os concursos não são muitos e, como na França antes de Mitterrand, muitos deles não são sérios, não são construídos. O urbanismo está embalado pelo apetite de ganhos, em um espaço mais curto de tempo. Se o país se enriquecer, deveria conseguir reconsiderar isso. É o futuro que está em jogo. E se estrangeiros chegam, promotores ou arquitetos, uma mudança virá. Isso aconteceu na França: a contratação de jovens arquitetos no começo dos anos de 1980 pela instauração de concursos obrigatórios para todos os edifícios públicos. Minha geração e as que vieram existem graças a essa mudança.



Arquitetura e política

A Cidade da Música começou a virar realidade em 2004. Logo em seguida, porém, o governo se voltou para os Jogos Pan-Americanos, e as obras foram praticamente paralisadas. Com a retomada, em 2008, cerca de 2.500 homens trabalharam dia e noite na Barra da Tijuca para que o então prefeito Cesar Maia (DEM) pudesse inaugurar o espaço, mesmo que inacabado, em dezembro do mesmo ano.

A primeira ação do prefeito eleito, Eduardo Paes (PMDB), foi parar a construção mais uma vez, em 2009, enquanto uma CPI foi instaurada para investigar os gastos públicos. Não faltaram denúncias de superfaturamento e irregularidades. Orçada inicialmente em 80 milhões de reais, a Cidade da Música já consumiu mais de 500 milhões de reais dos cofres públicos.

A prefeitura do Rio retomou as obras no segundo semestre de 2010. Mas, agora, sem a supervisão de Portzamparc. Sim: na fase de conclusão da obra - que inclui a montagem das salas de música -, o escritório do arquiteto ficou de fora do trabalho, e ainda recebeu a notícia de que haveria modificações no projeto original, como a pintura de algumas paredes.

Mas a maior preocupação é com a qualidade das salas. "Essa pode ser a parte mais grave. Você faz todo um investimento para ter um conjunto de salas que pode ser adicionado ao circuito internacional, mas ele pode sair defeituoso", afirma Clovis Cunha, chefe de projeto do ACDP (Atelier Christian de Portzamparc).

De acordo com a Prefeitura do Rio, tudo está sendo feito de acordo com o estipulado no projeto executivo de Portzamparc e, por isso, não haverá problema. Mas talvez não seja tão fácil assim: em depoimento à CPI, em 2009, o arquiteto afirmou que foram feitas 2,5 mil plantas para a edificação e oito mil adaptações a pedido dos engenheiros, o que, segundo o arquiteto, é normal em uma obra dessa grandeza. Marco Antônio Almeida, presidente do RioUrbe, órgão que está à frente da construção, diz que o "ACDP poderá ser consultado quando necessário".

Para terminá-la, a atual gestão anunciou que gastaria 50 milhões de reais. A previsão agora é que a sede da Orquestra Sinfônica Brasileira seja finalmente entregue em julho de 2011.





SUSPENDED CITY


Christian de Portzamparc's work does not raise any doubts as to its grandiosity. The almost 90 thousand m2 of build area are distributed in two slabs - two straight lines -marking the Barra da Tijuca landscape. Accessed through three ramps, the first slab was raised ten meters from the ground so that visitors may admire the view. In this esplanade, void spaces mix with the four free volumes defining the Cidade da Música (City of Music). Between the two slabs, distant 30 meters one from the other, there are support walls giving movement to the building with their curved shapes. "The concrete wall always touches the ground in an oblique way, leading to a sense of speed, displacement. But here the two slabs mark a constructive intention, mark the landscape with human action, with intellectual action regarding the mountains", states Clovis Cunha, chief of the ACDP (Atelier Christian de Portzamparc) project. The main volume, of the four, is its Grand Hall. With an area of 2,738 m2, it is surrounded by box seats turrets which allow the space to have a double use: as a philharmonic it can hold 1,800 spectators, as an opera hall, 1,300. In this transition, four back turrets are mobile and may give way to an Italian stage. The second volume, still under construction, shall hold a camera hall for 500 persons that can also present jazz and MPB (Brazilian Popular Music) shows, among others. The halls in the third block are for rehearsals, the center of studies and the orchestra's headquarters. The fourth volume will hold cinemas, restaurants, stores and an electro-acoustic music hall. The garden, designed by Fernando Chacel, is under the building.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Condomínio aos pés da Grande Muralha reúne arquitetura moderna

Micro apartamento - CHINA

Economia urbana da China

Xangai à Pequim - CHINA

Xangai- CHINA

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Edifícios futuristas - CHINA